O abutre era relacionado à realeza e à sabedoria no Egito, profetizando o nascimento de reis e tendo sido adotado como símbolo do Alto Egito durante a Era de Gêmeos (quando o Egito era governado por dois reis). A Deusa Nekhbet era representante deste aspecto.

O poder do abutre tem caráter dual: representa a morte, por comer carcaças de animais, porém também representa a vida e o renascimento, transformando esta carne em vida nova. Um exemplo de representação do abutre relacionado a estas características é apresentado no mito de prometeu, cujo fígado era comido por este animal e regenerado todos os dias.

A gematria 11 reduzindo-se para 2 confirma este caráter dual, tanto em relação à sabedoria nos planos, físico e espiritual (11), quanto à dualidade vida/morte (2). A sabedoria é representada pelas Sephirot Daath (sabedoria oculta) e Chokmah (sabedoria no plano físico), e o caráter de morte e renascimento pela carta Julgamento do tarot.

O simbolismo egípcio do anel Shen – morte e renascimento – também pode ser relacionado a Ipos, e o abutre é muitas vezes representado carregando este símbolo em suas garras.

O enterro andino com abutres, conhecido como “sky burial” ou “entrega aos céus”, é um antigo ritual funerário praticado por algumas comunidades indígenas na região dos Andes. Nessa cerimônia, o corpo do falecido é colocado em uma plataforma elevada, exposto ao ar livre, para ser consumido pelos abutres. Esta prática é fundamentada na crença de que os abutres são mensageiros que conduzem a alma do falecido para o mundo espiritual. Acreditava-se que o processo de devoração pelos abutres possibilitava a liberação da alma do corpo físico, permitindo que ela alcançasse um estado espiritual superior.